quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Mae



És tu , não sei de ti . Devias proteger-me , mas não o fazes . Porquê ? Serei uma desilusão tão grande que não mereça o teu carinho ? Umas palavras doces , um abraço sentido . Algo que não me rebaixe , que não me faça meter a cabeça na areia e fugir para longe de ti onde possa chorar . Há momentos em que te odeio , em que não percebo o que queres de mim . Não sou perfeita , não vou ser . Nasci assim , com os meus defeitos pela manhã e o mau humor á noite . Devias ouvir-me , procurar entender o porquê de certas atitudes minhas mas tu és diferente . Tu és superior , procuras exigir-me a perfeição que eu não tenho . E que tu também nao... queres uma filha perfeita como se fosses uma mae perfeita... como se isso fosse possivel,..Olho para ti e fico triste . Gostava de poder entrar no teu pensamento e descobrir o porquê de tanta coisa . Não sou uma criança , percebe isso. A cada facada tua o meu coração chora , mesmo que por muitas vezes não vejas . Não grites que sou uma merda , não me chames nomes , não me rebaixes , não me faças sofrer a esse ponto . Tenho o direito a errar , eu tenho esse direito . Não me peças que acerte á primeira em coisas que nunca fiz . Eras o meu porto , eras oa minha mae. Mas eu cresci , eu errei e voltei a errar . Caí e voltei a cair . Eu cresci de cada vez que caí , tive razão de cada vez que gritei . Era a minha vontade , aquilo em que eu acreditava . Um dia , quando eu for mulher e tu avó vou dizer-te o quanto me fizeste sofrer . Não dás valor ás palavras nem aos gestos que tens para comigo . As coisas que me dizes ficam todas gravadas em mim , as vezes em que me bates estão gravadas na minha pele , os olhares de raiva e de desilusão não esqueço por muito que a vida me marque . Mas eu não te odeio , tenho raiva de ti . sinto me icompreendida... mas amo-te na maneira que tu propria tornaste possivel... na relação que possibilitaste termos... ha momentos em que me apetece largar tudo e fugir , para onde ninguem me conheça , onde tu não existas , onde eu seja feliz . Mae, eu sou feliz , tenho amigos , tenho abraços , tenho beijinhos , desabafos e carinhos . Sou feliz , até que entro pela porta de nossa casa e dou por mim no nosso mundo . Onde reina a gritaria , as asneiras e as discussões . Ninguém sabe deste mundo , ninguem sabe o quanto tu me matas aos poucos . Tenho um porto de abrigo , triste . mas talvez em breve terei outro porto de abrigo.... e tu nem te apercebes...

2 comentários:

Anônimo disse...

Espero que não te importes que me intrometa, por um momento, na tua vida... Estou de passagem e apenas te quero dizer um segredo. Posso?
Como quem cala consente, aqui vai:
Por experiência própria, também eu tive uma relação inóspita com a minha progenitora. Nunca ouve aquele laço que sentimos ser óbvio entre uma mãe e neste caso um filho. Um pequeno barco de madeira, que só pela sua frágil constituição lutava por se manter a navegar, a última coisa que precisava era de grandes tormentas a cruzarem-lhe o caminho, quando o que apenas necessitava realmente, era de um porto de abrigo! Como vamos perceber essa falta de sensibilidade e atenção daquela cujo papel deverá ser esse mesmo?
Para isso é preciso um exercício de consciência pessoal, de maneira que por momentos, te possas abstrair de todo o caos que te preenche e olhes para a tua situação presente de mente aberta. Tenta focalizar-te em ti própria e tenta ter a percepção de que apenas tu poderás magoar-te, dando o sentido que queres às palavras dos outros, e apenas tu poderás ajudar a tua mãe a perceber o quanto está errada. Tenta não culpá-la por não ter tido a capacidade de perceber que a solução para os problemas está dentro de nós e não no exterior. A vida não nos deixa muito tempo para momentos de auto-análise, soterrando-nos de matéria imprópria para a sanidade mental. Lutar contra o mundo e depois sermos pais e mães, deixa-nos muito pouca versatilidade e atenção para aqueles que mais precisam de nós. E depois achamos que meros bens de consumo conseguem resolver tudo... Luta por seres melhor, no modo como percebes essa relação. Luta por seres capaz de abrir a porta... Luta pelo teu crescimento, sendo capaz de desculpar e entender que as discussões dependem de dois lados e é na coragem do silêncio que percebemos a força de alguém...

Anônimo disse...

não há palavras... obrigada!! pelo concelho... mesmo... e pela partilha... se feliz :)
beijo