quinta-feira, 22 de maio de 2008

deixa-me


Deixa-me chorar

Mesmo que te incomode

Com a minha ruína e perdição

Na desordem dos meus gritos

Deixa-me ser indócil

Com a censura dos meus gestos

Que a palidez da minha face

Revela em anos vividos

Deixa-me ignorar

Os rasgos da pele

Perto dos olhares perdidos

Desnudos de ilusões

Deixa-me as lágrimas

Dos delitos da feiúra

Que me impõe a modéstia

Como a única virtude

Deixa-me odiar

O tempo passado

Das noites esquecidas

Antes dos mornos dias

Deixa-me descansar

Dos duros golpes

Quando o sol tardio

Parou de brilhar

Deixa-me terminar

De ganhar a sorte

Da última lágrima

Antes da minha morte

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