Os telefonemas não são teus.
Os telefonemas não são meus.
Os telefonemas são dos outros.
Os outros não são teus.
Os outros não são meus.
Os outros são dos outros.
O desejo.
O medo.
O engano.
Estes são teus.
A indiferença.
A ansiedade.
A impaciência.
Estes são meus.
A companhia.
A cama.
O amor.
Estes são dos outros.
Viver tem se tornado perigoso.
Sinto-me assaltada todo o tempo.
Levam pedaços de minha alma, apetrechos do meu corpo e tesouros de meu coração.
Sou indefesa.
Estou indefesa.
Acho que aceitei perder.
Por outro lado, estou me aprimorando nos jogos.
As ventanias passaram e fizeram alvoroços, mas as tempestades existem e elas não são minhas: são dos outros.
Por mais que eu não me importe, de alguma forma, no fundo profundo das profundezas, cá estou, querendo achar soluções, razões e emoções.
Querendo resolver equações, confusões, pontuações.
Querendo acentuar, exclamar, crasear.
Querendo enrredar, verbalizar, encenar.
Querendo – Querendo – Querendo.
Agora, eu não quero mais nada.
Se tudo na vida é uma questão de escolha e somos exclusivamente responsáveis por elas, eu me reduzirei à minha insignificância e aguardarei pacientemente a hora de ser novamente a escolhida.
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